quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Deus só pode nascer em mim no silêncio! (Anselm Grün)

Chama-se ao Advento o tempo do silêncio. Apesar disso, muitos são os que o vivem enquanto tempo de barulho e de agitação. As pessoas precipitam-se para as lojas a fim de fazer as compras de Natal. E, no entanto, o silêncio é necessário para que Deus possa vir até nós. Sem silêncio, não nos apercebemos da sua vinda, não o ouviremos bater à porta do nosso coração.
Em alemão, a noção de silêncio encontra-se ligada à de imobilidade. Para fazermos silêncio em nós, importa que paremos, que deixemos de correr de um lado para o outro, que deixemos de nos agitar e fiquemos sozinhos connosco. Só me encontrarei a mim próprio se me imobilizar. Deixarei então de viver no exterior a minha agitação; aperceber-me-ei dela dentro de mim. Só alcança o silêncio, a tranquilidade, aquele que sabe resistir à sua própria agitação. A língua alemã associa igualmente, num único vocábulo [Stille, Stillen], a tranquilidade e a amamentação do recém-nascido. Ao aleitar a criança que chora com fome, a mãe acalma-a. Da mesma forma, devo aquietar o choro interior da minha alma. Quando deixo de me agitar no exterior, o meu coração grita de fome; e grita de insatisfação. Sente necessidade de alimento e, por isso, devo consagrar-me maternalmente a ele, para que se apazigue. Ora, muitos são aqueles que têm medo de escutar o coração que grita de fome; preferem ignorá-lo, agitando-se sem cessar, sempre em rodopio. Mas o coração continua a gritar, não querendo que o ignorem, pois sente a necessidade de atenção, de alimento.
“Apenas em Deus encontrarei o repouso para a minha alma”, diz um Salmo (62[61],1). Ainda hoje é cantado todas as quartas-feiras, à hora das completas*; e sinto-me sempre tocado por ele. Eu próprio não consigo acalmar o coração; quando ouço o seu grito, pressinto que ele sente fome de algo mais do que aquilo que lhe posso dar. É Deus quem ele deseja; só em Deus poderá repousar verdadeiramente.
Tu que me lês, dá-te a ti próprio, durante o Advento, alguns momentos de silêncio e de tranquilidade que te permitam procurar Deus. E sempre que, no meio do silêncio, surgir em primeiro lugar o barulho interior, suporta-o muito simplesmente. Pára, permanece imóvel; oferece a Deus o teu coração que grita, para que ele apazigúe a sua fome. É então que o silêncio se tornará um bálsamo e nele poderás mergulhar a tua alma. Suportarás então um frente a frente com a tua própria verdade, poderás até saborear o facto de estares, muito simplesmente, contigo mesmo, diante de Deus. No silêncio, ninguém te exige nada; nele permaneces tal qual és, com toda a simplicidade.
Mas o silêncio não é apenas necessário durante o Advento, também o é no Natal. Para mim, celebrar a noite da Natividade implica que, após a celebração em comum, eu consagre três horas a meditar em solidão, escutando uma parte do Oratório do Natal e prestando atenção ao silêncio. Pois sei que Deus só pode nascer em mim no silêncio.
No segundo domingo depois do Natal, cantamos no início da missa um trecho do Livro da Sabedoria: “No instante em que um silêncio reconfortante envolvia todas as coisas e em que a noite chegava ao meio da sua apressada caminhada / do alto dos céus, a Palavra toda-poderosa desceu do trono real” (Sabedoria, 18, 14-15). Deus só descerá ao meu coração quando nele se tiverem instalado o silêncio e a tranquilidade. É no seio do mais profundo silêncio e quando a palavra humana se tiver calado, que se dará o nascimento de Deus. Calando-me, não posso obrigar Deus a vir até mim; mas o silêncio é condição necessária para que me aperceba da sua presença em mim. Ao fazer silêncio, desço às minhas profundezas, e o caminho que me leva até lá passa pela obscuridade da minha noite, pela noite da minha angústia e da minha solidão. É então que deixo para trás o trono da realeza onde permaneço seguro de mim, e de onde determino e conduzo a minha vida. É então que mergulho até ao fundo da minha alma. Porque só aí Deus pode nascer em mim; é apenas nas profundezas do meu coração, onde já nenhum ruído exterior penetra, que Deus deseja tornar-se homem em mim.
* É a oração que põe termo ao trabalho do dia e que serve de exame ao que nele se realizou.

sábado, 2 de novembro de 2019

A minha meta é o Céu... a Vida em Plenitude!

A morte é uma certeza no contexto da nossa vida!
Todos vemos familiares e amigos a partirem e sabemos que um dia será a nossa vez!
Contudo, quem tem Deus como a sua Força e Luz tem esta certeza de que não há que temer a morte mas percebê-la como etapa e caminho para uma Vida que é Eterna... Vida esta  onde não há luto, nem pranto , nem dor mas paz e felicidade para sempre.
São Francisco de Assis até chama à morte de Irmã:
“Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã morte corporal da qual Homem algum pode escapar”.
São Francisco fala dela como irmã para nos apontar para a VIDA... a VIDA ETERNA que a é meta de todo o cristão.
Por isso, não há que temer a morte... ela faz parte do nosso peregrinar neste Mundo.
Jesus, o Senhor da Vida, aponta-nos para a verdadeira felicidade que é o Céu.
Todo o cristão tem como meta o Céu, a Vida a Plenitude e não a morte.
Confiemos a nossa vida e o nosso peregrinar ao Senhor Deus da VIDA!


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Vem, Senhor e fica comigo nesta noite!

Senhor!
Mais um dia a terminar!
Penso naquilo que ele foi e vejo quantas vezes eu falhei, me esqueci de Ti!
Corri para produzir mais no menor tempo possível 
e não fui capaz de perceber que sem a Tua ajuda nada conseguiria!
Nesta noite, Pai, quero pedir-Te perdão 
pelas vezes em que não fui capaz de reconhecer o Teu AMOR por mim e... 
agora diante do Teu Espírito Santo, quero pedir-Te a força, a luz para poder caminhar
Contigo, ao Teu lado, rumo à verdadeira felicidade que está em Ti.
Sabes, Senhor, o quão pequeno sou, 
mas diante da minha pequenez está a imensidão do Teu Amor 
que sempre olha e me orienta rumo ao verdadeiro caminho.
Vem, Senhor, fica comigo! 
Ajuda-me a reconhecer-Te presente na minha vida... 
naqueles que me estendem os braços para me amparar na queda!
Que a Tua graça sempre me acompanhe!
Vem, Senhor e fica comigo! 

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

"...da Cruz o nome tenho!... que me sare quem foi por mim ferido."

“Nasci e renasci na casa 
em dia de Santa-Cruz,
da Cruz o nome tenho.
Tenho quem nella foi morto por guia,
nas entranhas abertas me sustenho,
que não póde cerrar quem as abria:
e quando neste passo me detenho,
demendo e suspirando, não duvido,
que me sare quem foi por mim ferido."

Frei Agostinho da Cruz (1540 - 1619)

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Hoje quero somente dizer-Te: - Obrigado!

Obrigado, Senhor!
Obrigado pelas maravilhas que fazes em mim!
Obrigado pela Tua presença em todos os momentos da minha vida... os bons e os maus!
Sei que muitas vezes duvido... ponho em causa a Tua Presença... Perdoa-me, Senhor!
Hoje quero somente dizer-Te “Obrigado”! Obrigado por tudo!
Obrigado pela Vida... pela Fé... pelos Irmãos....
Obrigado pelas dificuldades que me fazem crescer e descobrir mais intensamente o Teu Amor!
A minha alma anseia por Ti... peço-Te que faças morada em mim!
Quero ser verdadeiramente “templo” do Teu Amor e da Tua Glória!
Quero ser a “Tua Casa”, Senhor!... que o meu coração acolha sempre a Tua Presença.
Obrigado, Senhor... 
Obrigado pelo Teu Amor, ó Pai!


sábado, 3 de agosto de 2019

Escuta e inclina-te diante do Senhor!



Escuta e inclina-te diante do Senhor!

Ouve, filha, vê e presta atenção, 
esquece o teu povo e a casa de teu pai. 
De tua beleza se enamora o Rei, 
Ele é o teu Senhor, presta-Lhe homenagem. 

A filha do Rei avança cheia de esplendor: 
de brocados de ouro são os seus vestidos. 
Com um manto multicor é apresentada ao Rei, 
seguem-na as donzelas, suas companheiras. 

Cheias de entusiasmo e alegria, 
entram no palácio do Rei. 
Em lugar de teus pais, terás muitos filhos; 
estabelecê-los-ás príncipes sobre toda a terra. 

Salmo 44 (45)

sexta-feira, 24 de maio de 2019

O meu programa de vida?

O meu programa de vida? 
Não acordes sem olhar a natureza e louvar o Criador. 
Não comeces o dia sem dizer ao coração: amar é trabalhar. 
Não sorrias a ninguém sem manifestar a Deus a tua gratidão. 
Não fales ao próximo sem intenção de ouvir o que ele diz. 
Não acolhas o sofrimento sem pousar os olhos na Cruz. 
Não repares na injustiça sem uma mão cheia de perdão. 
Não caias segunda vez sem um sinal de arrependimento. 
Não olhes o próximo sem o propósito de ver nele o positivo. 
Não ganhes vantagem sem te mostrares humilde. 
Não passes pelo pobre sem uma mão cheia de generosidade. 
Não olhes para quem sofre sem um gesto de conforto. 
Não adormeças sem fazer o teu exame de consciência. 

(D. Augusto César) 

terça-feira, 7 de maio de 2019

Ensina-nos a sempre dizer SIM, Maria!

Virgem da Páscoa,
escuta-nos.
Estamos aqui para te agradecer.
Obrigado, Senhora!
Pelo teu sim.
Pela tua disponibilidade total em servir.
Pela tua pobreza e pelo teu silêncio.
Pela alegria com que abraçaste
os sofrimentos da tua vida,
dando-nos a paz.
E obrigado, por teres ficado connosco,
apesar do tempo e das distâncias.
Ensina-nos, Maria, a sermos gratos 
e alegres em todas as ocasiões.
Ensina-nos a sempre dizer sim,
com toda a alma.
Vem à pobreza do nosso coração,
dizê-lo por nós.
Acompanha-nos sempre
na nossa caminhada para o Pai.
Põe no começo e no fim da nossa estrada
as tuas palavras: Sim e Magnificat.
Ensina-nos que a vida deve ser sempre
 um «sim» e um «obrigado».
Ámen. Assim seja.

(Eduardo Pironio) 

quinta-feira, 11 de abril de 2019

A oração é a luz da alma...


A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter­rupção.
 
Com efeito, não é só no momento determinado para rezar que devemos elevar a Deus o nosso espírito; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, tempe­radas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.

A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.

A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Refiro-me evidentemente à oração que não consiste apenas em palavras. A oração é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: "Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis." (Rm. 8,26).

Se o Senhor, na sua generosidade, concede a alguém o dom da oração, é uma riqueza inestimável e um alimento celeste que sacia a alma; quem chega a saboreá-lo, sente-se abrasado no desejo eterno do Senhor, como num fogo ardentíssimo que inflama a sua alma.  

Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.
(Das homilias de São João Crisóstomo, bispo – séc. IV)