... o silêncio não é apenas necessário
durante o Advento, também o é no Natal.
Para mim, celebrar a noite da
Natividade implica que, após a celebração em comum, eu consagre três
horas a meditar em solidão, escutando uma parte do Oratório do Natal e
prestando atenção ao silêncio. Pois sei que Deus só pode nascer em mim
no silêncio.
No segundo domingo depois do Natal,
cantamos no início da missa um trecho do Livro da Sabedoria: “No
instante em que um silêncio reconfortante envolvia todas as coisas e em
que a noite chegava ao meio da sua apressada caminhada do alto dos
céus, a Palavra toda-poderosa desceu do trono real” (Sabedoria, 18,
14-15).
Deus só descerá ao meu coração quando nele se tiverem instalado o
silêncio e a tranquilidade. É no seio do mais profundo silêncio e
quando a palavra humana se tiver calado, que se dará o nascimento de
Deus. Calando-me, não posso obrigar Deus a vir até mim; mas o silêncio é
condição necessária para que me aperceba da sua presença em mim. Ao
fazer silêncio, desço às minhas profundezas, e o caminho que me leva até
lá passa pela obscuridade da minha noite, pela noite da minha angústia e
da minha solidão. É então que deixo para trás o trono da realeza onde
permaneço seguro de mim, e de onde determino e conduzo a minha vida. É
então que mergulho até ao fundo da minha alma. Porque só aí Deus pode
nascer em mim; é apenas nas profundezas do meu coração, onde já nenhum
ruído exterior penetra, que Deus deseja tornar-se homem em mim.
Anselm Grün
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