sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

As três palavras que definem as pessoas: com licença, obrigado e perdão!

"Só quem teve de pedir perdão, pelo menos uma vez, é que é capaz de o dar. Para mim há três palavras que definem as pessoas e constituem um compêndio de virtudes - diga-se de passagem que não sei se eu as tenho - e que são: com licença, obrigado e perdão. A pessoa que não sabe pedir licença atropela, vai em frente com a sua, sem se importar com os outros, como se os outros não existissem. Em contrapartida, quem pede licença é mais humilde, mais sociável, mais integrador.
O que dizer de quem nunca diz «obrigado» ou sente no seu coração que nada tem a agradecer seja a quem for? Existe um refrão espanhol que é bem eloquente: «O bem-nascido é agradecido.» A gratidão é uma flor que nasce em almas nobres.
E, finalmente, há pessoas que acham que não têm de pedir perdão por nada. Estas são vítimas do pior dos pecados: a soberba. E insisto: só quem teve a necessidade de pedir perdão e teve a experiência do perdão é que consegue perdoar. Por isso, aos que não dizem estas três palavras falta-lhes algo na sua existência. Foram podados antes de tempo, ou mal podados pela vida."

Papa Francisco, in 'Conversas com Jorge Bergoglio'


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Ele, o nosso Pai, senta-Se num trono de grande valor, que é vosso coração!

Imaginemos que há em nós um palácio de imensa riqueza, todo construído em ouro e pedras preciosas, digno do Senhor a quem pertence. Em seguida, pensai, minhas irmãs, que a beleza deste edifício também depende de vós. É verdade, pois haverá edifício mais belo do que uma alma pura e cheia de virtudes? E quanto maiores forem, mais resplandecem as pedrarias. Por fim, pensai que neste palácio habita este grande Rei que quis tornar-Se nosso Pai; Ele senta-Se num trono de grande valor, que é o vosso coração. [...]
Podereis rir-vos de mim e dizer que isto é muito claro. Tendes razão, mas foi obscuro para mim durante um certo tempo. Eu compreendia que tinha alma, mas a estima que esta alma merecia, a dignidade daquele que a habitava era algo que eu não compreendia. As vaidades da vida eram uma venda que colocava sobre os olhos. Se tivesse percebido, como percebo hoje, que naquele pequeno palácio da minha alma habita um Rei tão grande, não O teria deixado só tantas vezes; de tempos a tempos, teria ido para junto dele e teria feito o necessário para que o palácio estivesse menos sujo. Como é admirável pensar que Aquele cuja grandeza encheria mil mundos, e muito mais, cabe em morada tão pequena!

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja 
                                                                              «O Caminho da perfeição», cap. 28, 9-11