terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Ele, o nosso Pai, senta-Se num trono de grande valor, que é vosso coração!

Imaginemos que há em nós um palácio de imensa riqueza, todo construído em ouro e pedras preciosas, digno do Senhor a quem pertence. Em seguida, pensai, minhas irmãs, que a beleza deste edifício também depende de vós. É verdade, pois haverá edifício mais belo do que uma alma pura e cheia de virtudes? E quanto maiores forem, mais resplandecem as pedrarias. Por fim, pensai que neste palácio habita este grande Rei que quis tornar-Se nosso Pai; Ele senta-Se num trono de grande valor, que é o vosso coração. [...]
Podereis rir-vos de mim e dizer que isto é muito claro. Tendes razão, mas foi obscuro para mim durante um certo tempo. Eu compreendia que tinha alma, mas a estima que esta alma merecia, a dignidade daquele que a habitava era algo que eu não compreendia. As vaidades da vida eram uma venda que colocava sobre os olhos. Se tivesse percebido, como percebo hoje, que naquele pequeno palácio da minha alma habita um Rei tão grande, não O teria deixado só tantas vezes; de tempos a tempos, teria ido para junto dele e teria feito o necessário para que o palácio estivesse menos sujo. Como é admirável pensar que Aquele cuja grandeza encheria mil mundos, e muito mais, cabe em morada tão pequena!

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja 
                                                                              «O Caminho da perfeição», cap. 28, 9-11

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