quarta-feira, 24 de agosto de 2016

"Falar ao Senhor «como um amigo fala a outro amigo»"

"A meditação é um tempo de escuta. As palavras têm, muitas vezes, tendência a estorvar a nossa oração e podem impedir-nos de ouvir o que o Espírito do Senhor procura dizer-nos. Se falo sem cessar ao Senhor, como poderei escutar a sua Palavra? Se Lhe falo constantemente, numa tagarelice interior, não há, de facto, o risco de não falar senão para mim mesmo, num monólogo interior em que faço as perguntas e dou as respostas? 
Como posso falar-Lhe e entrar em relação com Ele, se não escutei?"

"Convido-te a tomares tempo, no decorrer da meditação, para escutar a Palavra do Senhor e, perto do fim, para Lhe falares «como um amigo a outro amigo». Verás que isso muda tudo. Se Lhe falas daquilo que te tocou, da repercussão em ti dessa Palavra escutada e meditada, isso mudará tudo, porque terás maior consciência do que recebeste e da maneira como o Espírito do Senhor trabalha o teu coração." 

(Frédéric Fornos no livro "b.a.-ba da ORAÇÃO")

sábado, 13 de agosto de 2016

"Deus é Beleza!"

"A bênção de Aarão augurava a cada crente israelita: «O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face» (Nm 6,25), palavras que celebram e despertam a beleza de crer. 
Imaginar que Deus tem um rosto que refulge, luminoso, significa afirmar que Deus é beleza, que tem um coração de luz. 
A nossa tarefa mais urgente é repintar o ícone de Deus: descobrir um Deus luminoso, um Deus solar, rico não de tronos e de poderes, mas aquele cujo verdadeiro tabernáculo é a luminosidade de um rosto, o Deus de grandes braços e com um rosto de luz, o Deus finalmente belo, presságio de alegria. 
Deus já não pode ser empobrecido ou diminuído pelas culpas do homem. Ele é energia, futuro, sentido, mão viva que toca nos olhos e os abre,e, onde Ele se poisa, traz luz e faz nascer. Das suas mãos flui a vida, como rio e como sol, jubilosa e imparável."

(Ermes Ronchi no livro "os beijos não dados... Tu és Beleza") 

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

"Recorda-te de que Deus é misericórdia!"

«Perdoai-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos 
a quem nos tem ofendido.»

Todos os dias, antes de te deitares, deves fazer um exame de consciência (porque não sabes se no dia seguinte ainda estarás neste mundo!). Por maior que seja o mal que tiveres feito, deves empenhar-te em repará-lo, se for possível. Se, por exemplo, roubaste alguma coisa, deves devolvê-la. Se trataste mal alguém, tenta pedir-lhe desculpa sem demora. Se for impossível reparar, exprime a Deus a tua pena e o teu remorso. É muito importante que o faças, porque temos de ser capazes de contrição para nos tornarmos capazes de amar. Podes dizer, por exemplo: «Senhor, lamento muito ter-Te ofendido e prometo esforçar-me por não voltar a fazê-lo.» Que impressão de bem-estar, de alívio, se tem então, sentindo o coração purificado! Recorda-te de que Deus é misericórdia. Ele é um Pai atencioso, disposto a tudo perdoar e a tudo esquecer, desde que nós procuremos fazer o mesmo para com aqueles que nos ofenderam. 

(Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) - «Um Caminho Simples») 

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

"Escolhe amar!"

Tal como a amendoeira começa a florir no alvor da Primavera, um sopro de confiança faz germinar os desertos do coração. 
Arrastado por esse sopro, quem não desejaria aliviar as penas e as provações humanas? 
Mesmo quando os nossos pés tropeçam ao longo de uma senda pedregosa, quem não desejaria tornar concretas, na sua vida, estas palavras do Evangelho: «Aquilo que fizerdes ao mais pequeno, ao mais fraco, é a mim, Cristo, que o fazeis?»
Um século depois de Cristo, um cristão escrevia: «Reveste-te de alegria... Purifica o teu coração de toda a tristeza nefasta e viverás para Deus.»
Quem vive para Deus escolhe amar. Assumir semelhante escolha pressupõe uma vigilância contínua. 
Um coração decidido a amar pode encher-se  de uma bondade sem limites. É um coração que deseja ardentemente aliviar o sofrimento, tanto de quem está perto como de quem está longe. 
Quem vive para Deus discerne que toda a sua vida se baseia na confiança depositada em Cristo e no Espírito Santo. 
Se uma neblina interior nos afasta da confiança da fé, não é por Cristo que nos abandona. Ninguém é excluído do seu amor, nem do seu perdão. 
E se em nós surge o desânimo ou mesmo a dúvida, não é por isso que Ele nos ama menos. Ele ilumina os nossos passos... E voltamos a ouvir o seu apelo: «Vem e segue-me!»
Muitas vezes, na intimidade de uma conversa com um jovem, surge esta questão: «Como posso ser eu próprio, como me posso realizar?» Alguns estão profundamente angustiados com tais preocupações. Nessas alturas, recordo a reflexão de um dos meus irmãos: «Cristo não me diz: "Sê tu próprio", mas: "Sê comigo". Cristo não nos diz: «Procura-te a ti mesmo», mas: «Vem e segue-me!»
Não nos dará o Espírito Santo a possibilidade de deixar essa «tristeza nefasta», quando lhe entregamos através da oração a nossa inquietude, a nossa angústia e o nosso medo? 
Irmão Roger
Muitas vezes, nós nem sabemos como rezar! Mas eis que o «Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza». Ele suscita e sustém a oração bem mais do que nós possamos supor. Ele reanima uma unidade interior quando estamos dispersos. Com efeito, não existe unidade interior sem paz do coração. 
Na sua vida na terra, Jesus rezou e o seu rosto transfigurou-se, resplandecendo como a luz. Mas também rezou com súplicas e com lágrimas. 

(Irmão Roger de Taizé - "Deus só pode amar" - Gráfica de Coimbra)