sexta-feira, 5 de agosto de 2016

"Escolhe amar!"

Tal como a amendoeira começa a florir no alvor da Primavera, um sopro de confiança faz germinar os desertos do coração. 
Arrastado por esse sopro, quem não desejaria aliviar as penas e as provações humanas? 
Mesmo quando os nossos pés tropeçam ao longo de uma senda pedregosa, quem não desejaria tornar concretas, na sua vida, estas palavras do Evangelho: «Aquilo que fizerdes ao mais pequeno, ao mais fraco, é a mim, Cristo, que o fazeis?»
Um século depois de Cristo, um cristão escrevia: «Reveste-te de alegria... Purifica o teu coração de toda a tristeza nefasta e viverás para Deus.»
Quem vive para Deus escolhe amar. Assumir semelhante escolha pressupõe uma vigilância contínua. 
Um coração decidido a amar pode encher-se  de uma bondade sem limites. É um coração que deseja ardentemente aliviar o sofrimento, tanto de quem está perto como de quem está longe. 
Quem vive para Deus discerne que toda a sua vida se baseia na confiança depositada em Cristo e no Espírito Santo. 
Se uma neblina interior nos afasta da confiança da fé, não é por Cristo que nos abandona. Ninguém é excluído do seu amor, nem do seu perdão. 
E se em nós surge o desânimo ou mesmo a dúvida, não é por isso que Ele nos ama menos. Ele ilumina os nossos passos... E voltamos a ouvir o seu apelo: «Vem e segue-me!»
Muitas vezes, na intimidade de uma conversa com um jovem, surge esta questão: «Como posso ser eu próprio, como me posso realizar?» Alguns estão profundamente angustiados com tais preocupações. Nessas alturas, recordo a reflexão de um dos meus irmãos: «Cristo não me diz: "Sê tu próprio", mas: "Sê comigo". Cristo não nos diz: «Procura-te a ti mesmo», mas: «Vem e segue-me!»
Não nos dará o Espírito Santo a possibilidade de deixar essa «tristeza nefasta», quando lhe entregamos através da oração a nossa inquietude, a nossa angústia e o nosso medo? 
Irmão Roger
Muitas vezes, nós nem sabemos como rezar! Mas eis que o «Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza». Ele suscita e sustém a oração bem mais do que nós possamos supor. Ele reanima uma unidade interior quando estamos dispersos. Com efeito, não existe unidade interior sem paz do coração. 
Na sua vida na terra, Jesus rezou e o seu rosto transfigurou-se, resplandecendo como a luz. Mas também rezou com súplicas e com lágrimas. 

(Irmão Roger de Taizé - "Deus só pode amar" - Gráfica de Coimbra)





Sem comentários:

Enviar um comentário