Na terra há muitas formas de violência física, como a guerra, a tortura, o homicídio...
Também há outras formas de violência, mais subtis, que se dissimulam em manobras engenhosas, na suspeita, na desconfiança, na humilhação, numa promessa não cumprida...
E há todas essas crianças e jovens feridos por rupturas afectivas, marcados por abandonos humanos, a tal ponto que alguns perguntam: será que a minha vida ainda tem sentido?
Face às violências físicas e morais presentes na família humana, surge uma interrogação séria: se Deus é amor, de onde vem o mal?
Ninguém pode explicar o porquê do mal.
O filósofo Paul Ricoeur escreve: «Não posso responder nada àqueles que dizem:"Há demasiado mal no mundo para que eu possa acreditar em Deus." O único poder de Deus é o amor desarmado. Deus não quer o nosso sofrimento. De todo-poderoso, Deus torna-se "todo-amoroso". Deus não tem nenhum outro poder para além de amar e de nos dirigir, quando sofremos, uma palavra de auxílio. O que é difícil para nós é poder ouvi-la.»
Seis séculos depois de Cristo, um cristão, Santo Isaac de Nínive, retomava as palavras de São João «Deus é amor» e concluía: «Deus só pode dar o seu amor.»
Deus nunca assiste passivamente à aflição dos seres humanos. Ele sofre com o inocente, vítima de incompreensíveis provações. Deus sofre com cada pessoa. Deus vive a experiência da dor, o sofrimento de Cristo.
Será que Cristo não veio à terra para que todo o ser humano saiba que é amado?
E eis que o nosso coração pode maravilhar-se diante do amor.
(Irmão Roger, de Taizé no livro "Deus só pode Amar")
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