1ª
Estação: JESUS É
CONDENADO À MORTE
Pilatos
sabe bem que Jesus é inocente, mas hipocritamente esquiva-se quando os judeus
pedem a Sua crucificação.
Jesus
olha sofrido para o povo que O condena, para Pilatos e para toda a humanidade.
Jesus
olha para mim e pede-me que acolha todos aqueles que no sofrimento se
transformam em Sua imagem.
Como
é que olhamos o nosso irmão que sofre e que precisa da nossa ajuda?
Fazemos
como Pilatos e lavamos as mãos, deixando-os entregues à solidão? Ou dispomo-nos
a acolher e ajudar o que sofre com uma palavra de conforto, de ajuda e de
confiança?
Senhor
Jesus nós Te pedimos que nos ajudes a estar atentos a todos aqueles que sofrem
sozinhos e que a nossa atitude não seja a de lavar as mãos como Pilatos, mas
fundamentalmente a de amar sem limites aqueles que mais precisam de Ti.
2ª
Estação: JESUS
CARREGA COM A CRUZ
Após
a condenação, Jesus saiu carregando a Sua cruz em direcção ao Calvário.
Quem
não tem a sua cruz em direcção ao calvário da vida? Doença, desgosto, solidão,
ingratidão, abandono... são tantos... os nomes da cruz!
Jesus
levou a cruz em direcção ao calvário para nos resgatar. Há tanta gente que leva
uma cruz, por vezes bem pesada, sem rumo e sem sentido!
Aceitamos
ou recusamos a nossa cruz? Como encaramos o sofrimento? Como um fardo pesado
que Deus me coloca aos ombros ou como
caminho de descoberta do verdadeiro amor de Deus na nossa vida?
Senhor,
pedimos-Te por aqueles que têm uma cruz mais pesada: uma doença incurável, uma
pessoa inválida para tratar durante anos e anos, um filho incorrigível, uma
marido ou esposa alheios às responsabilidades familiares...
Pedimos-Te
por aqueles que não têm cruz nenhuma e levam a cruz duma vida inútil e vazia.
Por aqueles que procuram uma cruz diferente e com isso aumentam o peso da sua,
pela ansiedade de nunca se verem livres nem identificados com ela. Aqueles que
arrastam a que têm, com uma sensação de fatalismo e derrota.
Senhor,
lembra-lhes que não houve santo que não tivesse a sua cruz, nem cruz que não
desse um santo! Por isso, dá-lhes o desejo de santidade.
3ª
Estação: JESUS
CAI PELA PRIMEIRA VEZ
Caído
por terra, Jesus procurava levantar-se. Um soldado sustenta a cruz para O
ajudar. Ao redor todos se riem d´Ele. Jesus não caiu por sua culpa. Caiu de
fadiga, Ele tinha aceitado a condição humana. Quis conhecer a fadiga, a fadiga
do corpo.
Como
é que nós aceitamos as nossas quedas? Como ajudamos os outros, os que mais
sofrem, a levantar-se das suas quedas quando perante a dor desanimam e se
sentem sós? Será que somos indeferentes ao amor de Deus que nos quer ajudar a
recomeçar o caminho?
Senhor,
perdoa as minhas fraquezas, os meus pecados.
Ensina-me,
Jesus, a perseverar, a continuar o meu caminho, com humildade, para o levar até ao fim. Ajuda-me a estar atento
aos que desanimam e caem na tristeza e na angústia perante as dificuldades. Que
eu, com a Tua força possa auxiliar aqueles que precisam de Ti, para continuar o
seu caminho.
4ª
Estação: JESUS
ENCONTRA-SE COM MARIA, SUA MÃE
“Ó
vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede de há dor semelhante à minha”.
As
mãos de Cristo estenderam-se como um apelo, as mãos da Virgem estenderam-se
como um acolhimento! A Virgem está lá, no caminho do Seu Filho. Aceitar a
salvação, Deus na nossa vida, é também aceitar Maria no nosso caminho. Jesus
dá-nos Maria para nos ajudar.
Como
acolho os meus irmãos? Como aceito Deus no meu caminho?
Senhor,
Tu que continuas a encontrar-Te connosco em todo aquele que está condenado a
levar a cruz da pobreza, da fome, da doença, do pecado, dos próprios problemas
e complexos, ajuda-nos, com Maria a aceitar e acolher os que passam por nós, na
vida.
5ª
Estação: SIMÃO
DE CIRENE AJUDA JESUS A LEVAR A CRUZ
Que
bela missão a de Simão de Cirene. Talvez não conhecesse O Condenado, talvez
tivesse relutância em ajudá-Lo, mas foi seu companheiro, apesar de
estrangeiro...
Levar
a cruz dos outros, ajudar a que seja menos pesada, ser amparo os outros que têm
uma cruz difícil, é vocação de todos nós.
Há
muitos homens e mulheres que têm uma cruz muito pesada: os doentes, os
esfomeados, os drogados, e tantos outros que precisam de cireneus.
Será
que me disponho a ajudar o outro que mais sofre quando esse precisa de uma
força para continuar o seu caminho? Ou será que passo ao lado e me torno um
mero espectador que até tem pena mas que nada faz para ajudar o que mais
precisa?
Senhor
Jesus, sobre os ombros do cireneu a vossa cruz; e sobre os vossos ombros agora
livres, as cruzes de todos os homens de ontem, de hoje e de sempre.
Senhor,
Vós em nós e nós em Vós; na vossa cruz a nossa cruz!
Ajudai-nos,
Senhor, a encontrar a Vossa Paz!
6ª
Estação: VERÓNICA
LIMPA O ROSTO DE JESUS
Cristo
levando a sua cruz, olhou para Verónica. Verónica, de joelhos, estendeu o pano
com que tinha enxugado o rosto de Jesus. E esse rosto ficou impresso naquele
pano. Verónica, a mulher de quem não se sabe nada, exepto que enxugou o rosto
de Jesus. Ela não teve medo. O rosto de Jesus não lhe meteu medo. Pelo
contrário: atraiu o seu amor. Esse rosto não parecia já um rosto humano; mas...
contudo esse rosto é a imagem do Deus invisível.
Verónica
veio espontaneamente ao encontro de Jesus. Olhou-O com amor... Compadeceu-se;
Muitas
vezes não somos generosos, porque não olhamos longamente, porque evitamos olhar
o rosto de Cristo, defigurado em tantos irmãos que sofrem. Jesus dá-se a
reconhecer naqueles que sofrem, porque não queremos reconhecer nesses, o rosto
de Cristo?
Senhor,
hoje Te pedimos por todas as mulheres anónimas que ao longo da Tua vida Te
socorreram e as que hoje e em todos os tempos, trouxeram a Tua imgem gravada na
sua vida.
Muitas
há, que se preocupam mais com limpar o pó das Tuas imagens ou pagar para que
seja encarnadas novamente.
Temo-las
em todas as comunidades cristãs. Também na nossa. Mas também temos muitas
outras que se preocupam com os seus
irmãos que sofrem na carne ou no espírito: as enferemeiras desta Comunidade que
se oferecem para fazer curativos e dar injecções aos doentes pobres; as
visitadoras dos doentes, dos pobres nos lares, nas casas de assistência ou no
domicílio; as mulheres que aguentam, pacientemente, uma vida inteira ao lado de
um familiar doente ou inválido, porque nele vêem a Tua imagem viva.
Para
todas estas, Senhor, pedimos ajuda. Por todas elas, pelo dom que elas são na
nossa comunidade, obrigado Senhor.
7ª
Estação: JESUS
CAI PELA SEGUNDA VEZ
Diante
de Jesus esmagado pelo madeiro da cruz, lembremo-nos do que Ele tinha dito aos
apóstolos: - “Deixo-vos
a paz, dou-vos a minha paz.”
Quem
crê ainda em Jesus no pequeno grupo de amigos que O seguiram entre as injúrias
da multidão?
Podiam
eles ainda conservar, no fundo coração, esta paz que lhes tinha prometido? Mas
não é nos piores momentos da nossa vida, quando estamos em sofrimento e vemos
os irmãos a sofrer, que precisamos de pedir a Sua Paz? Como vivo esta paz que
Jesus me pede para assumir diante do outro, de um modo especial, daquele que
mais sofre?
Senhor,
às vezes revolto-me comigo mesmo, fico triste, humilhado.
Custa
aceitar-me tal como sou; queria dizer um não decidido ao pecado!
Mas
esqueço-me que isso só é possível com a Tua ajuda.
Ás
vezes, como o Cireneu, esqueço-me que sou apenas Teu auxiliar, mas eras Tu quem
deveria levar a cruz!
Não
me preocupo Contigo, não procuro acertar o meu passo com o Teu, não vejo que
estou a correr demais para as minhas forças.
E
fico triste, perco a paz interior!
Ajuda-me,
Senhor, a encarar a vida como ela é: um caminho de amor que queres fazer com
cada um de nós. Que todos aqueles que se encontram connosco, sintam
encontrar-se Contigo e consigam a coragem necessária para caminhar rumo ao Teu
Amor!
8ª
Estação: AS
MULHERES DE JERUSALÉM CHORAM POR JESUS
Há
alguém, este grupo de mulheres, que parece ter consciência da injusta
condenação de Jesus e quer fazer-lhe companhia, chorar por Ele, lamentar-se.
Corações bons e generosos, corações amigos e compadecidos. Precisamos deles,
hoje, perante a dor de tantos “cristos” que sofrem, perante tanto condenado
injustamente, perante tanta gente que não tem consolo, amparo, carinho e
amizade.
Mas
aquelas mulheres não devem chorar por Ele, mas antes chorar por elas mesmas e
pelos seus filhos. Se Jesus morre é para ser fonte de vida, duma vida nova,
pelo poder do amor com que Se dá e se oferece pelos homens. Afinal, Ele não
precisa de compaixão. Elas e os seus filhos, sim! Nós, hoje, também.
Mas
os ramos secos, sem a seiva da graça e da santidade, precisam de quem reze por
eles para que floresçam e se tornem viçosos pela força do perdão e do
arrependimento. Jesus é o ramo verde, cheio de santidade e de graça.
Será
que reconheço os meus pecados perante a graça e santidade de Deus? Rezo pelos
outros e pelas suas dificuldades e angústias?
Senhor
Jesus, nosso irmão e nosso amigo;
Tu
que choraste sobre Jerusalém, chora sobre nós, chora connosco, lágrimas de
arrependimento e de conversão.
Senhor
Jesus, pleno de graça e santidade, converte-nos, transforma a nossa secura em
amor!
Senhor
Jesus, fonte de Vida, faz-nos florir em obras de graça, de justiça e de
santidade.
9ª
Estação: JESUS
CAI PELA TERCEIRA VEZ
Jesus
é esmagado pela cruz. Todo o peso dessa cruz cai sobre Ele. “Foi por causa dos
nossos pecados que Ele foi triturado. O castigo que nos obtém a paz caiu sobre
Ele, diz Isaías. Jesus tomou sobre Si o pecado de todos. Ele solidarizou-se com
os pecadores. Foi abatido pelo pecado do mundo.
E
nós sabemos aceitar as provas que encontramos ao longo da vida? Ou será que
lançamos as culpas sobre os outros quando estamos mais tristes e angustiados?
Será que sobrecarrego aos outros ainda mais a sua cruz?
Senhor,
hoje não se peca mais do que antes, mas tem-se, talvez, menos pena de pecar.
Queremos,
por isso, pedir-Te por aqueles que perderam a consciência do pecado, pelos que
se sentem bem no pecado, pelas madalenas de todos os homens, os judas de todas
as traições e por tantos outros que sobrecarregam a sua cruz e a cruz dos
outros.
Pedimos-Te,
principalmente, por aqueles que ainda não chegaram à terceira queda para que,
ao chegarem lá, saibam levantar-se como Tu Te ergueste debaixo da cruz e saibam
reflectir e chorar como Pedro, desandar por outro caminho e seguir-Te embora de
longe....
10ª
Estação: JESUS É
DESPOJADO DAS SUAS VESTES
Jesus
chegou ao lugar onde vai ser crucificado. Os soldados tomaram as suas vestes e
repartiram-nas. Lançaram sorte para ver quem ficava com a Sua túnica. Todas as
chagas do seu corpo se renovaram, quando lhe arrancaram as vestes.
Nos
caminhos da vida, é preciso aprender, saber e querer despojar-se algumas vezes
para partilhar. É preciso saber despojar-nos daquilo que se nos cola á pele: as
nossas opções infalíveis, tudo aquilo a que nos agarramos.
Cristo
Jesus é também a imagem de todos aqueles que são despojados: despojados da
honra do trabalho, da dignidade de trabalhadores...
Ele
é sinal de todos estes rejeitados e daqueles que privados de saúde, de
companhia e outras privações ficam sós e abandonados não encontrando nos outros
uma ajuda e um apoio para poder suportar melhor as suas dores e angústias.
Como
me despojo diante dos outros? Com tudo aquilo que tenho, os meus egoísmos e as
minhas certezas? Ou será que me despojo com amor, ao ponto de perceber que a
felicidade só se conquista com a comunhão e a nossa entrega a quem que mais
precisa de amor, de uma palavra amiga e de uma presença fraterna?
Senhor,
arrancaram-Te a túnica, de uma só peça, talvez feita por Tua Mãe, e
sortearam-na como se não tivesse dono!
Queremos,
aqui, pedir-Te, responsabilidade e coração para todos os que ainda hoje
despojam e roubam os pobres, com menos conhecimentos das suas razões e
direitos, com menor capacidade de defesa, com necessidade daqueles que os roubam,
tendo, por isso, que ficar quietos e calados.
Ajuda,
Senhor, todos os saneados e desalojados que vivem na nossa Paróquia e todos
aqueles que privados de companhia sofrem a solidão.
Que
ao longo da nossa vida sejamos capazes de estimar a dignidade de sermos teus
membros e templos do teu Espírito Santo.
11ª
Estação: JESUS É
CRAVADO NA CRUZ
Os
soldados cumprem a sua tarefa como de costume. Simão de Cirene parece dizer,
desanimado: “fiz o que pude”: Jesus é como um cordeiro levado ao matadouro.
Cordeiro de Deus... “Ele humilhou-se mais ainda, obedecendo até à morte e morte
de Cruz”, diz-nos São Paulo.
Toda
a ternura do Pai revela-se no gesto de Jesus, estendendo os braços e as mãos
sobre uma cruz: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único a
fim de que o mundo seja salvo por Ele”, diz-nos São João.
Hoje
ainda, quanta gente cravada numa cruz: os doentes crucificados pela dor física
e de solidão, aqueles que são crucificados pelo luto ou pela prova, os que
perdem toda a esperança, os que sofrem de subdesenvolvimento, os famintos, os
que não sabem ler nem escrever...
Como
vivo a minha dor? Com revolta e com vontade de desistir? Ou como um caminho de
crescimento e de entrega a uma vida dedicada ao amor? Como aceito a minha cruz?
Senhor,
grande ou pequena, aceito a minha cruz porque sei que só nela posso ter a
Redenção.
Ajuda-me
a não crucificar ninguém. A de não pensar que Tu preferes a cruz e o sofrimento
à alegria e ao bem estar dos homens, ajuda a empenhar-me constantemente por
despregar da cruz do sofrimento ou da pobreza, aqueles que vivem crucificados à
minha volta: no meu prédio, na minha rua, no meu bairro, na minha Comunidade.
12ª
Estação: JESUS
MORRE NA CRUZ
Em
silêncio, olhemos, contemplemos, o nosso Deus que morre por nós. E escutemos,
no mais profundo dos nossos corações, as suas últimas palavras: Pai
perdoa-lhes! Hoje estarás comigo no paraíso. Filho, eis aí a tua mãe. Mulher,
eis aí o Teu Filho. Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Pai nas vossas
mãos entrego o meu espírito.
“Ó sim, diz o Centurião, verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. Talvez eu
já tenha compreendido. A cruz é o mundo ao contrário. Não eu em primeiro
lugar... mas os outros em primeiro lugar.
Como
vivo a minha vida? Eu em primeiro lugar ou os outros? Como “morro” todos os
dias? Apoiado naquilo que é supérfluo ou no verdadeiro amor que é entrega,
perdão e presença activa na vida dos outros?
Senhor,
concede o perdão e a felicidade completa a todos aqueles que morreram esta
semana, de um modo especial os que foram da nossa Comunidade. Aqueles cujos
nomes vieram nos jornais, e os que ficaram no anonimato; os que foram vítimas
da estrada e do trabalho, e os que faleceram na paz e na intimidade familiar;
os que partiram inesperadamente, e aqueles cuja partida foi uma Via-Sacra longa
e dolorosa.
Que,
para todos eles, a Tua morte seja redenção e Vida Eterna. Que, para todos nós,
a sua morte seja uma lição e um alerta para uma vida mais comprometida Contigo
e com os irmãos.
13ª
Estação:
JESUS É
DESCIDO DA CRUZ E
COLOCADO NOS BRAÇOS DE SUA MÃE
Depois
de terem descido da cruz o corpo de Jesus, colocaram-no nos braços de Maria,
sua Mãe. Ela que O tinha sustentado após o nascimento, voltou a sustentá-Lo
após a morte. Era o Seu Filho, mas... que diferença! A que extremo sacrifício
tinha levado ela, aquele Sim da Anunciação... Nesse momento, Maria recordou a
palavra de Simeão: Este Menino está colocado como sinal de contradição e uma
espada de dor atravessará o teu coração.
Maria
tal como acolheu Jesus nos braços, acolhe-nos hoje, rezando por nós junto de
Seu Filho. Ela continua a olhar por nós, dá-nos a certeza que apesar de todas
as dificuldades e problemas, se tivermos Jesus no nosso coração alcançaremos a
verdadeira paz e certamente será mais fácil suportar a dor.
Como
acolho o exemplo de Maria na minha vida? Estou disposto a suportar as
dificuldades com a certeza de que Deus, por Maria, caminha ao meu lado?
Senhor,
finalmente desceram-Te da Cruz e puseram-Te no colo da Tua mãe.
Ajuda-nos
a perceber que dizer Sim a Deus é o caminho para a verdadeira felicidade,
apesar de todas as dores e obstáculos que vão aparecendo na nossa vida!
Que
a exemplo de Maria, Tua e nossa Mãe, sejamos capazes de confiar no Teu Amor. E
que como Maria saibamos aceitar os outros, aqueles que mais sofrem, com amor e
sem ressentimento como a Tua Mãe Te aceitou morto no calvário.
14ª
Estação: JESUS É
SEPULTADO
No
fim daquela Sexta-feira Santa, Maria, José de Arimateia, Nicodemos, João e
algumas mulheres, ungiram apressadamente o corpo e fizeram um pequeno cortejo
para lhe dar sepultura. Ao fim da tarde, o calvário ficou deserto. Os amigos
regressaram tristes. Apesar dos sinais extraordinários que tinham observado,
aquilo parecia-lhes o fim de um sonho. Os inimigos, esses exultavam: finalmente
tinham conseguido calar essa voz incómoda, livrar-se dessa presença importuna.
Ao
fim de muitos funerais cristãos, ainda se nota essa sensação de fim. As pessoas
dispersam-se como se tudo tivesse acabado. Mas, como nos diz a liturgia, a vida
não acaba apenas se transforma... Falta-nos compreender o mistério do grão de
trigo lançado à terra, de que nos fala São Paulo, ou a necessidade de
atravessar a morte para viver e dar a vida. Se o grão de trigo lançado à terra
não morrer, fica só; mas... se morrer, produz fruto abundante.
Como
enfrento a morte na minha vida? Como um terminar de tudo ou como o começo para
a verdadeira vida em Deus? Como aceito Deus que me chama para Si, para o Seu
Amor?
Senhor
Jesus que nas horas sombrias em que o luto bate à nossa porta, Tu abras o nosso
coração à esperança da ressurreição. Que as lágrimas que derramamos não nos
levem ao desespero, mas a uma aproximação de Ti que És verdadeiro consolo.
Que
a morte, Senhor, não seja para nós um acontecimento inevitável ou o fim absurdo
da vida terrena, mas a aurora duma vida sem fim....
15 ª
Estação: JESUS
RESSUSCITA AO TERCEIRO DIA
Sem
a Ressurreição, a Via-sacra não teria sentido porque seria apenas um recordar
os passos dolorosos de um homem que morreu e jaz morto na poeira dos séculos.
Mas
não. Cristo vive. E assim a Via-sacra tem sentido porque renova a presença
amiga de Jesus nos passos de cada homem e de cada mulher do mundo inteiro.
Como
testemunho a Ressurreição de Jesus na minha vida? Será que me fico pela
Sexta-Feira Santa ou sou capaz de compreender que Jesus passou pela morte mas
para chegar à verdadeira vida? Como manifesto a minha alegria de ser cristão
perante o outro que sofre e que muitas vezes duvida de Deus na sua vida?
Senhor,
anda muito em voga a tese do Deus morto.
Convém
que Deus tenha morrido. Estorva menos a certas consciências.
Ajuda-nos
a ver que a nossa vida é uma prova real da Tua;
Que
em Ti e por Ti existimos;
Que
toda a vida à margem da Tua – é morte;
Que
quem não recolhe contigo – dispersa;
Que
quem quiser poupar a sua vida – perde-se para si e para os outros;
Que
é preciso o grão apodrecer na terra para dar muito fruto;
Que
a Tua Ressurreição é primícia e garantia da nossa;
Que
a Tua Via-Sacra não foi um fracasso, mas um triunfo sobre o pecado e a morte;
Que
não somos loucos em seguir-Te, porque Tu o foste primeiro por nós, percorrendo
e caminho à nossa frente; E ensina-nos, Senhor, a acolher em nós e levar aos
outros os frutos da Tua Morte e da Tua Ressurreição!