... o silêncio não é apenas necessário
durante o Advento, também o é no Natal.
Para mim, celebrar a noite da
Natividade implica que, após a celebração em comum, eu consagre três
horas a meditar em solidão, escutando uma parte do Oratório do Natal e
prestando atenção ao silêncio. Pois sei que Deus só pode nascer em mim
no silêncio.

Deus só descerá ao meu coração quando nele se tiverem instalado o
silêncio e a tranquilidade. É no seio do mais profundo silêncio e
quando a palavra humana se tiver calado, que se dará o nascimento de
Deus. Calando-me, não posso obrigar Deus a vir até mim; mas o silêncio é
condição necessária para que me aperceba da sua presença em mim. Ao
fazer silêncio, desço às minhas profundezas, e o caminho que me leva até
lá passa pela obscuridade da minha noite, pela noite da minha angústia e
da minha solidão. É então que deixo para trás o trono da realeza onde
permaneço seguro de mim, e de onde determino e conduzo a minha vida. É
então que mergulho até ao fundo da minha alma. Porque só aí Deus pode
nascer em mim; é apenas nas profundezas do meu coração, onde já nenhum
ruído exterior penetra, que Deus deseja tornar-se homem em mim.
Anselm Grün