segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A liberdade do silêncio

Falamos de mais. Damos, tantas vezes, a nossa opinião mesmo quando ninguém a pediu, mesmo quando talvez ninguém se possa interessar por ela. Como se o silêncio fosse pior... Na verdade, as nossas palavras prendem-nos. Por falarmos mais do que devemos, acabamos por nos tornarmos em quem não queríamos ser. Há quem pareça gostar tanto da sua voz que aproveita o tempo em que devia escutar os outros para pensar no que lhes dizer depois... Não escutam. Falam apenas. De mais. Como pode saber falar, quem não sabe calar?
No silêncio há mais paz. Mais liberdade. Escuta-se melhor tudo o que está à nossa volta. O que dizem os outros e o que não dizem. Até se vê muito melhor.
A praça pública é ruidosa e indiferente. Curiosa, quer saber muito, mas tudo esquece e bem depressa.
Importa que sejamos capazes de guardar para nós e para quem nos pede as nossas palavras. Até mesmo quando sejam as mais acertadas, devem apenas ser ditas se alguém as quiser escutar... Caso contrário, o melhor será sempre o silêncio. Até porque ter razões não é ter razão.
O silêncio é o lugar do amor. A verdade não se diz, faz-se. Cumpre-se. Em gestos tão simples como escutar, sofrer, contemplar, perdoar e agradecer.
Afinal o ponto mais elevado da nossa existência está no mais profundo de nós. O silêncio é a luz para lá chegarmos.
 
José Luís Nunes Martins
 
 
 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Jean-Thierry Ebogo: o "santo" que fazia gelados

A comovente história de um jovem que sonhava ser padre
 
Nasceu nos Camarões numa família muito pobre. Aos 5 anos já sonhava ser missionário, para imitar aqueles que passavam pela sua aldeia e que traziam uma cruz ao peito. Ainda criança, fazia gelados de limão para ajudar a família a sobreviver. Morreu a poucos dias  de ser ordenado, numa cama de hospital, com o corpo corroído com tumores. Começou logo aí a sua fama de santidade… 
 
Imitar Jesus
Jean-Thierry Ebogo nasceu a 4 de Fevereiro de 1982 em Bamenda, nos Camarões, no seio de uma família cristã muito pobre. Desde cedo sobressaltou-se com a necessidade de ajudar os pais no  desafio da sobrevivência do dia-a-dia. Que poderia ele fazer? Pouco. Afinal era apenas uma criança. Apesar disso, juntava limões, que havia por ali em abundância, água e fazia gelados que depois ia vender para a rua. Nos dias de Verão, quando o pó se misturava com o calor, os gelados de Jean-Thierry faziam sucesso. Todo o dinheiro que pudesse amealhar era necessário para ajudar a sua família.  
Simpático, sempre disponível, amigo dos seus amigos, Jean-Thierry tornou-se popular em Bamenda. Todos disputavam a sua amizade. Ele, porém, tinha apenas um propósito: ajudar os seus pais e tornar-se sacerdote, imitar Jesus em todos os instantes da sua vida. 
 
Tumor maligno
Aos 21 anos, decidiu que era chegado o tempo de seguir a vida religiosa. Ingressou no convento dos Carmelitas Descalços de Nkoabang. Um ano depois, foi admitido no noviciado. Passou a ser Jean-Thierry do Menino Jesus e da Paixão de Cristo. Ele não sabia, nem poderia imaginar,que estava prestes a viver um calvário  tremendo, com o corpo a ser tomado pela doença, minando-o aos poucos num sofrimento atroz. Um sofrimento  que, no entanto, nunca conseguiu roubar-lhe o sorriso.  
 
“É um Santo!”
Quando o viu, pela primeira vez, o médico não teve dúvidas de que estava perante alguém excepcional. Aquele jovem, com o corpo cheio de metástases e que nunca abandonava o sorriso no rosto, que só pedia que o curassem para ser ordenado sacerdote, não era uma pessoa vulgar. Nunca se queixou das dores que inevitavelmente sentia. Só queria ser ordenado sacerdote para imitar melhor a vida de Jesus!
 
Servo de Deus
Nunca se queixou de estar ali, numa cama de hospital, apenas tinha um desejo: Ser padre! Graças a uma dispensa no trabalho da mãe, que viajou propositadamente desde os Camarões para assistir àquele momento tão importante na vida do filho, pôde fazer os votos perpétuos em 8 de Dezembro de 2005, na festa da Imaculada Conceição, na sua presença. Ambos sabiam que seria, muito provavelmente,  a última vez que estariam juntos. Quando se despediram, Jean-Thierry agradeceu-lhe tudo… 
 
Agradeceu-lhe o dom da vida. “Mamã: lembra-te de que me ofereceste a Deus quando nasci…” Dias depois, morreu. As suas últimas palavras foram: “Que belo é Jesus!” Nunca chegou a ser ordenado sacerdote, mas a sua missão ainda não terminou. A forma como assumiu todas as dores da doença e a vontade férrea de se entregar a Deus emprestaram-lhe uma fama de santidade que se confirmou logo no funeral. Centenas de pessoas fizeram questão de participar na cerimónia e, desde então, a sua campa é visitada por imensas pessoas todos os dias. 
Os ecos de santidade de Jean-Thierry não pararam de crescer.
O seu processo de beatificação foi finalizado, a nível diocesano, em 2014. Desde então, ele é um “Servo de Deus”. Na verdade, ele foi sempre um servo de Deus. Mesmo quando vendia gelados. Mesmo quando apenas sorria aos outros…
Paulo Aido

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

"A arte de saber agradecer" (Augusto Cury)

Aprender a agradecer tudo que temos é uma forma excelente de cuidar carinhosamente da saúde psíquica. Hoje é tempo de agradecer aos nossos pais, aos nossos filhos, à pessoa amada e aos amigos. Agradecer o carinho, o afeto, e a dedicação, dizer que eles fazem a diferença nas nossas vidas. Quem não sabe agradecer não sabe saldar as dívidas de amor consigo mesmo e com os outros.
Devemos agradecer pelo nosso coração que pulsa, pelo sangue que irriga biliões de células, pelo ar que respiramos, os alimentos que ingerimos, os trabalhadores que os produzem.
Expressar gratidão pelo sol, exaltar pela chuva, agradecer o perfume das flores, a sombras das árvores, o canto dos pássaros.
Agradecer as conquistas realizadas, as batalhas vencidas, as etapas superadas, as crises resolvidas. Agradecer as lutas perdidas e as dificuldades sofridas. Uma pessoa saudável é especialista em agradecer, vive com intensidade, não se psicoadapta, não perde o encanto, não se entedia nem se aprisiona nas tramas da rotina. Uma pessoa doente é especialista em reclamar, em viver superficialmente, sem admiração por todos os pequenos dons de que estamos cercados.  A consciência da gratidão é uma das mais notáveis características da personalidade. Ela não é fruto de um processo mágico, mas de um exercício intelectual que nos leva a compreender que na vida surgem factos imprevisíveis e inevitáveis, é uma forma revolucionária de mudar as coisas, pelo menos dentro de nós mesmos.

Conheci um pai que perdeu seus dois únicos filhos num acidente. Tinha motivos para se fechar no seu mundo, enclausurar-se dentro de si mesmo e não mais sorrir. Tinha motivos para entrar em depressão e teve uma depressão profunda. Tinha motivos para desistir da existência, mas não o fez. Quando me procurou, eu disse-lhe que medicamentos antidepressivos e tranquilizantes poderiam trazer-lhe alívio momentâneo, mas não resolveriam a sua crise existencial, não estancariam sua angústia para sempre.
Respeitei a sua dor e durante o tratamento mostrei-lhe que pelo menos dois caminhos: ou lamentaria a perda dos filhos para o resto da sua vida e consequentemente paralisaria a sua emoção e asfixiaria a sua inteligência ou agradeceria cada hora e cada dia que vivera intensamente com eles.
Ele escolheu treinar a sua emoção e o seu eu para agradecer. Diariamente expressou a gratidão por ter cuidado dos filhos desde a infância, por cada sorriso, cada abraço, cada beijo, cada momento de diálogo que tiveram juntos. As suas saudades nunca ficaram resolvidas, mas encontrou uma fonte de alegria no meio da dor, uma fonte de conforto na mais dilacerante miséria, e deixou de estar deprimido.
 
* Do livro 'A Sabedoria Nossa de Cada Dia' de Augusto Cury
 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Fica comigo, Senhor, ao longo de todo este ano!

Senhor, mais um ano a começar!
Obrigado pelo ano que passou... por todas as alegrias, mas também pelas dificuldades
que me ajudaram a descobrir-Te presente na minha vida!
Ao longo deste ano quero entregar tudo o que sou e o que tenho nas Tuas mãos!
Aqui estou, Senhor, disponível para amar-Te
e encontrar-Te presente em todos aqueles que colocares no meu caminho!
Dá-me, Jesus, a serenidade, o discernimento para fazer as melhores opções!
Dá-me um coração generoso para amar... grande para acolher a todos!
Dá-me, Senhor, a Tua Paz!
Obrigado por caminhares comigo... por nunca desistires de mim!
Ao longo deste ano, Jesus, quero ser portador do Teu Amor! 
Faz-me digno de ser Tua testemunha!
Que os meus pés, as minhas mãos, os meus lábios
sejam sempre portadores de gestos de Amor e de Paz!
Fica comigo, Senhor, ao longo de todo este ano!
Eu quero com o meu coração e a minha razão seguir-Te sempre sem reservas! Amén!