segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Jean-Thierry Ebogo: o "santo" que fazia gelados

A comovente história de um jovem que sonhava ser padre
 
Nasceu nos Camarões numa família muito pobre. Aos 5 anos já sonhava ser missionário, para imitar aqueles que passavam pela sua aldeia e que traziam uma cruz ao peito. Ainda criança, fazia gelados de limão para ajudar a família a sobreviver. Morreu a poucos dias  de ser ordenado, numa cama de hospital, com o corpo corroído com tumores. Começou logo aí a sua fama de santidade… 
 
Imitar Jesus
Jean-Thierry Ebogo nasceu a 4 de Fevereiro de 1982 em Bamenda, nos Camarões, no seio de uma família cristã muito pobre. Desde cedo sobressaltou-se com a necessidade de ajudar os pais no  desafio da sobrevivência do dia-a-dia. Que poderia ele fazer? Pouco. Afinal era apenas uma criança. Apesar disso, juntava limões, que havia por ali em abundância, água e fazia gelados que depois ia vender para a rua. Nos dias de Verão, quando o pó se misturava com o calor, os gelados de Jean-Thierry faziam sucesso. Todo o dinheiro que pudesse amealhar era necessário para ajudar a sua família.  
Simpático, sempre disponível, amigo dos seus amigos, Jean-Thierry tornou-se popular em Bamenda. Todos disputavam a sua amizade. Ele, porém, tinha apenas um propósito: ajudar os seus pais e tornar-se sacerdote, imitar Jesus em todos os instantes da sua vida. 
 
Tumor maligno
Aos 21 anos, decidiu que era chegado o tempo de seguir a vida religiosa. Ingressou no convento dos Carmelitas Descalços de Nkoabang. Um ano depois, foi admitido no noviciado. Passou a ser Jean-Thierry do Menino Jesus e da Paixão de Cristo. Ele não sabia, nem poderia imaginar,que estava prestes a viver um calvário  tremendo, com o corpo a ser tomado pela doença, minando-o aos poucos num sofrimento atroz. Um sofrimento  que, no entanto, nunca conseguiu roubar-lhe o sorriso.  
 
“É um Santo!”
Quando o viu, pela primeira vez, o médico não teve dúvidas de que estava perante alguém excepcional. Aquele jovem, com o corpo cheio de metástases e que nunca abandonava o sorriso no rosto, que só pedia que o curassem para ser ordenado sacerdote, não era uma pessoa vulgar. Nunca se queixou das dores que inevitavelmente sentia. Só queria ser ordenado sacerdote para imitar melhor a vida de Jesus!
 
Servo de Deus
Nunca se queixou de estar ali, numa cama de hospital, apenas tinha um desejo: Ser padre! Graças a uma dispensa no trabalho da mãe, que viajou propositadamente desde os Camarões para assistir àquele momento tão importante na vida do filho, pôde fazer os votos perpétuos em 8 de Dezembro de 2005, na festa da Imaculada Conceição, na sua presença. Ambos sabiam que seria, muito provavelmente,  a última vez que estariam juntos. Quando se despediram, Jean-Thierry agradeceu-lhe tudo… 
 
Agradeceu-lhe o dom da vida. “Mamã: lembra-te de que me ofereceste a Deus quando nasci…” Dias depois, morreu. As suas últimas palavras foram: “Que belo é Jesus!” Nunca chegou a ser ordenado sacerdote, mas a sua missão ainda não terminou. A forma como assumiu todas as dores da doença e a vontade férrea de se entregar a Deus emprestaram-lhe uma fama de santidade que se confirmou logo no funeral. Centenas de pessoas fizeram questão de participar na cerimónia e, desde então, a sua campa é visitada por imensas pessoas todos os dias. 
Os ecos de santidade de Jean-Thierry não pararam de crescer.
O seu processo de beatificação foi finalizado, a nível diocesano, em 2014. Desde então, ele é um “Servo de Deus”. Na verdade, ele foi sempre um servo de Deus. Mesmo quando vendia gelados. Mesmo quando apenas sorria aos outros…
Paulo Aido

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