«Chamou
à sua presença aqueles que entendeu […], para andarem com Ele»
(Mc. 3,13-19)
(Mc. 3,13-19)
«Toda
a noite procurei aquele que o meu coração ama» (Ct 3,1). Quão grande é o bem de
procurar a Deus! Pela minha parte, penso mesmo que não há bem maior. Sendo o
primeiro dos dons de Deus, este é também a última etapa. É dom que não se
acrescenta a qualquer outra virtude, porque nenhuma lhe é anterior. Pois que
virtude poderíamos atribuir àquele que não procura a Deus, e que limite
poderíamos pôr à procura de Deus? «Buscai sempre a sua face», diz um salmo
(104,4). Creio que, mesmo quando O tivermos encontrado, não cessaremos de O
procurar.
Não
é a percorrer muitos lugares que procuramos a Deus, mas a desejá-lo. Porque a
felicidade de O termos encontrado não apaga o desejo mas, pelo contrário, fá-lo
crescer. A consumpção da alegria […] é como azeite no fogo, pois o desejo é uma
chama. A alegria será completa (Jo 15,11) mas o desejo não terá fim, nem,
portanto, terá fim a procura.
Que cada alma que procura a Deus saiba, porém, que Deus Se lhe antecipou, pois a procurou antes de ela se ter posto a procurá-lo. […] É a isto que vos chama a bondade daquele que Se vos antecipa, esse que, antes de todos, vos procurou, e antes de todos vos amou. Portanto, se não tivésseis sido primeiro procurados, de maneira alguma O procuraríeis; se não tivésseis sido primeiro amados por Ele, de maneira alguma O amaríeis. Não fostes antecipados por uma só graça, mas por duas: pelo amor e pela procura. O amor é a causa da procura; a procura é o fruto do amor, e é também a prova deste. Por causa do amor não temeis ser procurados. E porque fostes procurados não vos queixareis de ser amados em vão.
São
Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
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