Todos
os anos celebramos, chegado o mês de Junho, a Festa dos Santos Populares, dando
especial enlevo a Santo António, São João e São Pedro.
Para
o povo português, Santo António ocupa um lugar muito especial, porque um dos
seus santos portugueses é conhecido e amado pelo mundo inteiro, pelo seu
testemunho de vida e pelas graças que tem concedido a muitas pessoas. Já o papa
Leão XIII o chamou de “o santo de todo o mundo”.
Santo
António nasceu em Lisboa em 1191 ou 1192, sendo os seus pais Martinho de Bulhões
e Teresa Taveira. Recebeu o Baptismo oito dias após o seu nascimento, sendo-lhe
dado o nome de Fernando.
Aos
15 anos toma a decisão de entrar no Mosteiro de São Vicente de Fora,
pertencente à Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Contudo, após 2
anos da sua entrada neste mosteiro pede transferência para o Mosteiro de Santa
Cruz de Coimbra, para encontrar paz e recolhimento para viver a sua vocação.
No
Mosteiro de Santa Cruz procurou aprofundar os seus estudos e valorizar a sua
oração.
Em
1220 foi ordenado sacerdote.
Todavia,
mais do que uma vez que Fernando sonhou na possibilidade de abraçar outro
género de vida, mais longe do ruído do mundo.
A
vida simples dos pobrezinhos, filhos de São Francisco de Assis, do ermitério de
Santo António dos Olivais em Coimbra, atraiu-o irresistivelmente. Teve o seu
primeiro contacto com esta comunidade de irmãos franciscanos, quando o seu
mosteiro hospedou os cinco primeiros mártires franciscanos de Marrocos, quando estes
passaram por Coimbra para partirem para África. Mais tarde, este Mosteiro
receberia as relíquias destes cinco homens que na sua pobreza e testemunho de vida,
morreram no anúncio da Boa-Nova.
Que
impressão causaram em Fernando os despojos mortais daqueles cinco homens!
Despertaram nele o desejo de consagrar-se ao apostolado e morrer mártir de
Cristo.
É
então que professa os votos nos franciscanos e Fernando muda o nome para
António.
A
imposição do hábito foi rápida e simples e no verão de 1120 já Santo António
envergava a veste franciscana, desembarcando pouco tempo depois em Marrocos
para iniciar a sua missão.
Uma
terrível doença deteve-o todo o inverno na cama e os superiores da missão
acharam melhor repatriá-lo para poder recuperar melhor. Com este intenção
embarcou, mas um vento forte impeliu para o Oriente, obrigando-o a atracar nas
costas da Sicília.
Não
tardou a oportunidade de Santo António se revelar como um excelente pregador.
Tal aconteceu num sermão que pregou em Setembro de 1221 diante de alguns
religiosos franciscanos e dominicanos que se tinham acabado de ordenar.
O
seu primeiro campo de acção apostólica foi a Romanha, região com grandes
heresias.
Depois
em Rimíni encontrou forte oposição nos hereges, que impediram o povo de
assistir aos sermões. Então é aqui que acontece o célebre milagre de Santo
António aos Peixes, onde o Santo vai á costa do Adriático e começa a pregar aos
peixes que colocam a cabeça de fora da água e escutam atentamente o
sermão. Este milagre envergonhou os
hereges e despertou grande entusiasmo na cidade.
Passados
uns anos de apostolado eficaz é nomeado professor de teologia. São Francisco
informado da sua sabedoria e santidade, pede-lhe que assuma a formação dos
irmãos da ordem franciscana.
Pouco
tempo durou este magistério, porque o crescimento da heresia albigense em
França, reclama a sua presença para defender os valores cristãos.
No
final de 1229, Deus envia-o a Pádua e lá é-lhe confiado a composição dos
sermões para todas as festividades dos principais santos e para os domingos do
ano. A solidão e o retiro do convento de Arcella, junto de Pádua, convidavam ao
recolhimento e ao estudo necessários para escrever os seus sermões.
Ao
chegar a Quaresma, suspendeu António o estudo para dedicar-se de novo à
pregação. Era tão vivo o seu zelo devorar-lhe o coração, que se propôs a pregar
durante os 40 dias da Quaresma, o que levou a cabo, apesar da hidropisia
maligna que o afligia.
Consumido
pelo esforço e pala doença, retirou-se Santo António à solidão de Arcella. Aí a
doença, que o afligia, anunciou o fatal desenlace. Recebidos os sacramentos,
cantou a Nossa Senhora, e sorriu para os que o rodeavam. Ao terminar de rezar
os salmos entrou em êxtase e voltando a si fitou, uma última vez, aqueles que o
rodeavam, entregando a sua alma a Deus. Era Sexta-feira, 13 de Junho de 1231.
Logo que expirou, as crianças de Pádua correram a cidade gritando: “Morreu o
Santo! Morreu Santo António!”
Tantos
milagres aconteceram, logo após a sua morte, que nem passado um ano o papa
Gregório IX canonizou-o. Pio XII em 1946 proclamou-o Doutor da Igreja,
atribuindo-lhe o título de Doutor Evangélico.
Santo
António não perdeu a actualidade e a sua memória e evocada pelo povo cristão,
que vê nele o santo que ressuscita os mortos, que sara as enfermidades, que
falou aos peixes, que converteu os hereges, que alivia os bolsos dos ricos em
proveito dos pobres necessitados, que assegura e multiplica o as provisões, que
suaviza os obstáculos que dificultam os matrimónios, que encontra coisas
perdidas e que amigavelmente conversa com o Menino Jesus.
Santo
António, é assim um exemplo para nós, porque apesar da sua sabedoria e dos seus
dotes intelectuais, sempre assumiu a sua vida como uma entrega ao anúncio do
Evangelho, mesmo através das pequenas coisas do dia-a-dia como varrer o
convento, atender na hospedaria, ajudar os necessitados, entre outras coisas.
Que
Santo António de Lisboa nos ajude e ensine a maneira de sermos grandes nas
pequenas coisas do dia-a-dia e na atenção que devemos dar à voz de Deus que se
revela através dos nossos irmãos.