sábado, 30 de julho de 2016

"Ter ou não ter!" - A beleza autêntica vem de dentro, do ser...

Nunca somos o que temos. 

Neste mundo há a essência e a aparência. A primeira é profunda, sólida e é onde reside o ser; a outra será superficial, efémera, funcionando como uma capa que se encontra no meio do caminho entre essências. 

O ter é do domínio da aparência. Atingindo um limiar de sobrevivência, que pode mais um homem esperar que os seus bens lhe tragam? Poderá acreditar que a felicidade lhe chega através da sua acumulação, mas, claro, nunca lhe chegará, porque haverá sempre algo mais que ainda não tem... razão pela qual essa diferença marca mais um sofrimento (desnecessário): o do desejo de obter o que se não tem... poucos percebem que os bens atrapalham mais que ajudam. Poucos homens visam ser mais e melhores. 

A superficialidade de tanta gente é marca da sua miséria: a inautenticidade. Há quem venda a identidade ao ter, quem abdique do que é (ou podia ser) para o trocar por umas quantas moedas de prata que, cedo e mal, gasta, perdendo assim o ter e, mais importante, o ser - a sua essência. A vida não é, afinal, uma fome de coisas, mas um tempo para ser feliz. 

O dinheiro nunca é nosso, somos apenas gestores das sempre pequenas partes que, em determinadas alturas da história, nos vão chegando às mãos. Só isso. Nada mais. a forma como administramos o dinheiro que chamamos nosso marca-nos o ser. A uns servos, a outros... senhores... de si mesmos e dos seus bens. 

Temos esta vida, e podemos ter muitas coisas, mas somos mais do que tudo isto. A nossa verdadeira riqueza não é deste mundo. 

As máscaras nunca são belas. A beleza autêntica vem de dentro, do ser, a nossa face ao mundo é um espelho do nosso coração. As nossas lágrimas vêm dos sonhos e das esperanças que somos, a luz e o sorriso dos nossos olhos, também.  

(José Luís Nunes Martins no livro "Amor, silêncios e tempestades" - Paulus Editora) 

terça-feira, 26 de julho de 2016

"Olha para ti mesmo e diz-me como te vês!"

"Quando andas na rua, encontras uma infinidade de gente, de todas as classes e condições, que revelam no rosto diferentes disposições anímicas. Uns têm rosto sorridente, cheio de felicidade; correu-lhes bem um negócio, tiveram sorte num trabalho, receberam uma boa notícia, encontraram-se com uma pessoa amiga... Outros revelam preocupação: têm problemas familiares que os perseguem, situações económicas opressivas, desilusões com amigos, insegurança no trabalho.
Outros ainda parece que vão a olhar para a frente e para o alto: têm projectos, ideias, planos que desejam realizar, e isso dá-lhes força e optimismo. Só é digno de compaixão quem se «aborrece», quem não faz nada nem tem planos para fazer o que quer que seja; quem não tem vitalidade, quem não vê objectivo para a sua existência, para quem a vida tem falta de sal. É triste. Olha para ti mesmo neste espelho e diz-me como te vês.               
                                                           (Alfonso Millagro)  

quinta-feira, 21 de julho de 2016

«Sem Deus somos demasiado pobres para amar os pobres.»

Universalmente conhecida como a mulher da imensa compaixão para com os pobres, os descartáveis, os doentes, revelou o segredo do seu coração misericordioso no diálogo com um jovem sacerdote, Ângelo Comastri, hoje cardeal. Num encontro casual, a Irmã perguntou-lhe à queima-roupa: «Quantas horas rezas por dia?»
O padre ficou surpreendido, porque esperava dela um apelo ou um convite a dedicar-se mais aos pobres. E a Madre perguntava-lhe quantas horas rezava! 
Em seguida, pegando-lhe nas mãos acrescentou: «Sem Deus somos demasiado pobres para amar os pobres. Lembra-te disto: eu sou apenas uma mulher que reza. Rezando, Jesus derrama o seu amor no meu coração e, assim, posso amar os pobres.» 
Para ela, a misericórdia caía como a chuva do céu a partir da união com Deus na oração. Assim se aprende a amar «até doer» - como dizia Teresa. 

(Abílio Pina Ribeiro, claretiano - revista "Bíblica") 

domingo, 17 de julho de 2016

Bem-aventurados os misericordiosos!

...convido-vos a redescobrir as obras de misericórdia corporal: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, assistir aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo, rezar a Deus por vivos e defuntos. Como vedes, a misericórdia não é bonomia, nem mero sentimentalismo. Aqui está o critério de autenticidade do nosso ser discípulos de Jesus, da nossa credibilidade como cristãos no mundo de hoje.
Dado que vós, jovens, sois muito concretos, quereria propor-vos a escolha de uma obra de misericórdia corporal e outra de misericórdia espiritual para pôr em prática cada mês nos primeiros sete meses de 2016. Deixai-vos inspirar pela oração de Santa Faustina, apóstola humilde da Misericórdia Divina nos nossos tempos:

«Ajuda-me, Senhor, para que (…)
os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite nem julgue as pessoas pela aparência externa,
mas perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los (…);
o meu ouvido seja misericordioso, de modo que eu esteja atenta às necessidades do próximo e não me permitais permanecer indiferente diante de suas dores e lágrimas (…);
a minha língua seja misericordiosa, 
de modo que eu nunca fale mal do próximo;
que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão (…);
as minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras (…);
os meus pés sejam misericordiosos, levem sem descanso ajuda aos meus irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço (…);
o meu coração seja misericordioso,
para que eu seja sensível a todos os sofrimentos do próximo»
(Diário, 163).

Assim, a mensagem da Misericórdia Divina constitui um programa de vida muito concreto e exigente, porque implica obras. 
E uma das obras de misericórdia mais evidentes, embora talvez das mais difíceis de praticar, é perdoar a quem nos ofendeu, a quem nos fez mal, àqueles que consideramos como inimigos. «Tantas vezes, como parece difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz» (Misericordiae Vultus, 9).

Encontro muitos jovens que se dizem cansados deste mundo tão dividido, no qual se digladiam partidários de diferentes facções, existem muitas guerras e há até quem use a própria religião como justificação da violência.
Temos de suplicar ao Senhor que nos dê a graça de ser misericordiosos com quem nos faz mal; como Jesus que, na cruz, assim rezava por aqueles que O crucificaram: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34). O único caminho para vencer o mal é a misericórdia. A justiça é necessária, e muito! Mas, sozinha, não basta. Justiça e misericórdia devem caminhar juntas. Quanto desejaria que nos uníssemos todos numa oração coral, saída do mais fundo dos nossos corações, implorando que o Senhor tenha misericórdia de nós e do mundo inteiro!

(da Mensagem do Papa Francisco para a XXXI Jornada Mundial da Juventude - 2016)

sábado, 16 de julho de 2016

"A misericórdia de Deus é muito concreta, e todos somos chamados a fazer experiência dela pessoalmente!"

A misericórdia de Deus é muito concreta, e todos somos chamados a fazer experiência dela pessoalmente. 
Quando tinha dezassete anos, num dia em que devia sair com os meus amigos, decidi passar antes pela igreja. Ali encontrei um sacerdote que me inspirou particular confiança e senti o desejo de abrir o meu coração na Confissão. Aquele encontro mudou a minha vida. Descobri que, quando abrimos o coração com humildade e transparência, podemos contemplar de forma muito concreta a misericórdia de Deus. Tive a certeza de que Deus, na pessoa daquele sacerdote, já estava à minha espera, ainda antes que desse o primeiro passo para ir à igreja. 

Nós procuramo-Lo, mas Ele antecipa-Se-nos sempre, desde sempre nos procura e encontra-nos primeiro. Talvez algum de vós sinta um peso no coração e pense: Fiz isto, fiz aquilo… Não temais! Ele espera-vos. É pai; sempre nos espera. Como é belo encontrar no sacramento da Reconciliação o abraço misericordioso do Pai, descobrir o confessionário como o lugar da Misericórdia, deixar-nos tocar por este amor misericordioso do Senhor que nos perdoa sempre!
E tu, caro jovem, cara jovem, já alguma vez sentiste pousar sobre ti este olhar de amor infinito que, para além de todos os teus pecados, limitações e fracassos, continua a confiar em ti e a olhar com esperança para a tua vida? Estás consciente do valor que tens diante de um Deus que, por amor, te deu tudo? Como nos ensina São Paulo, assim «Deus demonstra o seu amor para connosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»(Rm 5, 8). Mas compreendemos verdadeiramente a força destas palavras?

Sei como todos vós amais a cruz das JMJ’s – dom de São João Paulo II – que, desde 1984, acompanha todos os vossos Encontros Mundiais. Na vida de inúmeros jovens, quantas mudanças – verdadeiras e próprias conversões – brotaram do encontro com esta cruz singela! Talvez vos tenhais posto a questão: donde vem esta força extraordinária da cruz? 
Aqui tendes a resposta: a cruz é o sinal mais eloquente da misericórdia de Deus. Atesta-nos que a medida do amor de Deus pela humanidade é amar sem medida. Na cruz, podemos tocar a misericórdia de Deus e deixar-nos tocar pela sua própria misericórdia. Gostaria aqui de lembrar o episódio dos dois malfeitores crucificados ao lado de Jesus: um deles é presunçoso, não se reconhece pecador, insulta o Senhor. O outro, ao contrário, reconhece ter errado, volta-se para o Senhor e diz-Lhe: «Jesus, lembra-Te de mim, quando estiveres no teu Reino». Jesus fixa-o com infinita misericórdia e responde-lhe: «Hoje estarás comigo no Paraíso»(cf. Lc 23, 32.39-43). 
Com qual dos dois nos identificamos? Com aquele que é presunçoso e não reconhece os próprios erros? Ou com o outro, que se reconhece necessitado da misericórdia divina e implora-a de todo o coração? No Senhor, que deu a sua vida por nós na cruz, encontraremos sempre o amor incondicional que reconhece a nossa vida como um bem e sempre nos dá a possibilidade de recomeçar.

(da Mensagem do Papa Francisco para a XXXI Jornada Mundial da Juventude - 2016)






sexta-feira, 15 de julho de 2016

Amar e perdoar: uma das fontes da alegria!

O que é impressionante no Evangelho é o perdão, aquele que Deus nos dá e aquele que nos convida a dar uns aos outros. 
Deus não tem vontade nenhuma de castigar. 
Podemos confiar-lhe tudo, mesmo a inquietação. Nesse momento, apercebemo-nos de que somos amados por Ele, reconfortados, curados. 
O Evangelho tem palavras de cortar a respiração: «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos percebem». (Mt. 5,44) 
Amar e perdoar: eis uma das fontes da alegria. 
Quando perdoamos, a nossa vida começa a mudar. E o que há de duro dá lugar a uma infinita bondade. 
Quem aspira a viver do perdão procura mais escutar do que convencer, compreender do que impor-se. Durante a minha juventude, numa época em que o mundo estava incrivelmente dilacerado, perguntava-me: Porquê estes preconceitos, estes confrontos entre os homens, entre os próprios cristãos? 
Certo dia, que até posso datar, à luz filtrada de uma tarde de fim de outono, quando as sombras já cresciam nos campos, disse para comigo: começa por ti mesmo, empenha-te em não fazer juízos severos, procura mais compreender do que ser compreendido e encontrarás a alegria. Tinha cerca de dezassete anos. Nesse dia, tive a esperança de que esta resolução fosse para sempre. 
(Irmão Roger de Taizé) 



segunda-feira, 11 de julho de 2016

São Bento de Núrsia - Homem do Silêncio e da Contemplação!

Quando, Bento de Núrsia, o futuro fundador da Ordem dos Beneditinos, nasce no ano de 490, em Núrsia (Itália), os seus pais, cristãos abastados, chamam-no Bento (do latim benedictus, “o abençoado”).
Enviado a Roma para estudar Direito, deixa os livros preferindo a solidão à multidão e a contemplação à agitação. Seguem-se sucessivas experiências de vida solitária e comunitária.
O seu carisma excepcional atrai discípulos, que são enviados para Subiaco, nos arredores de Roma, ocupando doze mosteiros que se colocam sob a sua direcção espiritual.
Cerca de 529 estabelece-se no Monte Cassino, onde funda uma comunidade estável. É lá que dedica os últimos anos da sua vida a elaborar a regra monástica que vai ganhar autoridade em toda a cristandade.O texto resulta da sua prática pessoal, do conhecimento de regras já existentes e de escritos dos Padres do Deserto, pioneiros da vida monástica no Médio Oriente.
Bento é herdeiro de uma longa tradição, que pretende dar a redescobrir. O seu génio está em ter conseguido unificar, formular e transmitir essa riqueza com grande discernimento.
A sua Regra compreende 73 capítulos que indicam aos monges, com precisão, e num tom benevolente, a melhor maneira para rezar, viver em conjunto e conformar-se ao Evangelho. O texto prescreve um programa diário de sete momentos de oração comum (a Liturgia das Horas) e um ofício de salmos e leituras a meio da noite (as Matinas ou Vigílias).
A regra beneditina detalha igualmente o modo de eleição do abade, que é o garante do desenvolvimento fraternal e espiritual da comunidade.
Bento sublinha três preceitos: a estabilidade (contra a vagabundagem frequente dos monges da época), o trabalho manual (outra maneira de louvar Deus) e a ponderação em todas as coisas (contra o excesso da ascese): 
“Tudo se fará com moderação, por causa dos frágeis”, avisa.
Interior do Mosteiro do Subiaco


Por outro lado, Bento manifesta uma severidade fora do comum no que se refere à propriedade privada, obstáculo ao ideal evangélico de desprendimento, e à maledicência, que destrói todo o esforço de vida colectiva.
Quando Bento morre no Monte Cassino cerca do ano 547, só três mosteiros aplicam a sua Regra, que se haveria de impor lentamente em todo o Ocidente. Em 1964, o Papa Paulo VI proclama-o padroeiro da Europa.

"In Pèlerin" (trad. S. Nac. Past. Cultura) 

domingo, 10 de julho de 2016

Farei da fé, vivida cada dia, a luz interior que me conduz!

Troquemos o instante pelo eterno.
Sigamos o caminho de Jesus.
A primavera vem depois do inverno;
 A alegria virá depois da Cruz.

Passa o tempo e, com ele, as nossas vidas;
Tal como passa o bem, passa a desgraça.
Passam todas as coisas conhecidas...
Só o Nome de Deus é que não passa.

Farei da fé, vivida cada dia,
 A luz interior que me conduz
À luz de Deus, da paz e da alegria,
À luz da glória eterna, à Luz da Luz.

(Hino da Liturgia das Horas) 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Pequenos gestos que transformam o mundo!

Depois de ter recebido a Prémio Nobel da Paz, em 1979, a Madre Teresa de Calcutá no seu regresso de Oslo passou por Roma, onde a esperava um enxame de jornalistas. Recebeu-os pacientemente, colocando na mão de cada um deles uma pequena medalha da Imaculada. 
A um repórter que lhe manifestou a convicção de que, apesar da sua admirável entrega aos pobres, o mundo ficaria praticamente igual a antes, respondeu com simplicidade: 
«Eu nunca pensei mudar o mundo. Procurei apenas ser uma gota de água limpa, na qual pudesse boiar e brilhar o amor de Deus. Parece-lhe pouco?»
Depois, no silêncio comovido que envolveu os jornalistas, prosseguiu: «Procure ser também você uma gota limpa e, assim, seremos duas gotas. É casado?» «Sim, Madre.» »Diga também isto à sua mulher, e seremos três gotas. Tem filhos?» «Três, Madre.» «Passe-lhes também esta mensagem: seremos seis.» 
O contágio benéfico da misericórdia! 
Um pequeno gesto de misericórdia pode transformar uma pessoa, uma família, uma comunidade, a Igreja, o mundo inteiro. 
(artigo "O Segredo de Santa Teresa de Calcutá" - Abílio Pina Ribeiro, claretiano)

"A pior doença não é a tuberculose nem a lepra, mas o não sentir-se amado ou desejado, o sentir-se abandonado. A medicina pode curar todas as doenças do corpo, mas o único remédio para a solidão, o desespero, a falta de horizontes é o amor. Muitas pessoas morrem por não terem sequer um pedaço de pão; contudo, morrem muitas mais por falta de amor.» 
(Madre Teresa de Calcutá) 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A revolução do interior do homem.... a revolução que Cristo nos trouxe!

Diz-se que estamos no século das revoluções, mas esquece-se que a grande revolução foi feita no mundo, há vinte séculos, por Jesus Cristo. Geralmente não é muito respeitosa a intenção dos que afirmam que Jesus foi o grande revolucionário; na verdade, estão a confundir-se duas espécies muito diferentes, e até opostas, de revolução.
Há uma revolução que procura a mudança, pelo caminho do ódio, da violência, da guerra, da destruição, da morte; não é esta a revolução que Cristo no trouxe. Mas há outra revolução, que pretende a mudança, mas uma mudança mais profunda: não só de estruturas ou regimes, mas do interior do homem. Quer um homem novo, em que reine o amor, a justiça, a caridade, a paz, as boas relações humanas; um homem com um coração grande, simples, limpo, terno e compassivo, que saiba perdoar, compreender, ajudar, numa palavra, que saiba amar. 
(Alfonso Milagro) 



terça-feira, 5 de julho de 2016

O silêncio responde a quem pergunta!...

"É verdade, o silêncio por vezes é a ausência de palavra, mas é sempre o acto de escutar. A simples ausência de ruído (se não for preenchida pela atenção que damos à voz de Deus) não é silêncio. Um dia cheio de ruído e de vozes poderá ser um dia de silêncio se o ruído se tonar para nós o eco da presença de Deus, se as vozes forem, para nós mesmos, mensagens e apelos de Deus. Quando falamos de nós mesmos e estamos cheios de nós mesmos, esquecemos o silêncio. Quando repetimos as palavras interiores que Deus deixou em nós, então o nosso silêncio permanece intacto. O silêncio é verdade na caridade. O silêncio responde a quem pergunta. Mas não deve responde senão com palavras repletas de luz. O silêncio, como tudo o mais, ou nos obriga a dar-nos interiormente, ou torna-se mesquinhez e avareza."

(Chaterine de Hueck Doherty) 




domingo, 3 de julho de 2016

Rainha Santa Isabel de Portugal!

A Rainha Santa Isabel, nasceu na Espanha no ano de 1270. Pertencia à família real de Aragão, que lhe concedeu uma óptima formação cristã. Também conhecida como Isabel de Aragão e de Portugal, Santa (1270-1336), rainha de Portugal. Casou com D. Dinis, rei de Portugal, em 1288, sendo filha de Constância de Aragão e Nápoles e Sicília, e de Pedro III de Aragão e neta de Jaime I. Foi entregue em casamento a Diniz, rei de Portugal, com apenas 12 anos de idade, e já dava testemunho de uma esposa cristã, uma mulher de oração, centrada na Eucaristia; ajudou a propagar a grande devoção à Nossa Senhora da Conceição. Aos 20 anos teve o seu filho Afonso IV, que viveu muitos conflitos com o pai. Isabel era mulher de caridade e reconciliadora. Figura lendária, a sua bondade depressa a tornou querida dos pobres e desfavorecidos. Desempenhou papel de relevo nas tentativas de resolução dos desentendimentos surgidos entre o príncipe herdeiro, D. Afonso, e o rei. Era rainha, mas nunca esqueceu que também era irmã dos mais necessitados. Uma de suas últimas obras de caridade  foi cuidar do seu próprio esposo, Dom Diniz que tanto a fez sofrer, e que precisava dos cuidados de Isabel. Ele ficou doente em 1324 e faleceu no ano seguinte. Após a morte do marido, em 1385, fixou residência em Coimbra, junto do Convento de Santa Clara, por sua ordem reconstruído e ampliado com um hospital para os pobres.
Fundou em Leiria um recolhimento para mulheres e uma albergaria em Odivelas e ajudou à fundação do Convento da Trindade, em Lisboa, deixando em testamento consideráveis legados para conventos e hospitais. A partir de então Isabel deixou a sua condição de viver no palácio como rainha e recebeu o hábito como franciscana clarissa em Coimbra. Em 1336 saiu de Coimbra e foi ao encontro de seu filho em Estremoz devido a um novo conflito familiar. Mesmo com 66 anos e enferma conseguiu chegar. Foi acolhida e ouvida por seu filho. Ali  faleceu, mas foi sepultada em Coimbra como era seu desejo. O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Foi beatificada em 1516 e canonizada, em 1625, pelo papa Urbano VIII.

(retirado de isabeldeportugal.blogspot.pt) 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Quando os nossos lábios se fecham...

Firme na sua essência, a oração reveste-se de várias formas de expressão. 
Algumas pessoas rezam num silêncio profundo. Permanecer em silêncio, na presença de Deus, com desejo de acolher o seu Espírito Santo, é já procurá-lo. 
Há quem se exprima com muitas palavras. Santa Teresa de Ávila escreveu: «Quando falo ao Senhor, muitas vezes nem sei o que lhe digo.»
Outras rezam com apenas algumas palavras. Ditas lentamente ou cantadas, cinco, dez vezes, do fundo do coração, estas palavras podem alimentar uma vida de comunhão com Deus. São oração curtas como estas: «Deus só pode amar, o nosso Deus é ternura»; «Só em Deus a minha alma descansa em paz.»
Quando rezamos, procuramos exprimir o que há de mais pessoal em nós. Por vezes, do fundo de nós, surge uma inspiração, uma intuição. Mas não nos preocupemos se não surgir nenhuma palavra. Pode haver em nós resistências, opacidades, momentos em que, na oração, os nossos lábios permanecem fechados. 
Então Santo Agostinho lembra-nos: «Há uma voz do coração e uma linguagem do coração... É esta voz interior que é a nossa oração, quando os nossos lábios se fecham e a nossa alma se abre diante de Deus. Calamo-nos e o nosso coração fala. Não aos ouvidos dos homens, mas aos de Deus. Não duvides: Deus saberá ouvir-te».

Espírito Santo, Tu vens sempre a nós e, 
em nós, há uma presença maravilhosa. 
A nossa oração pode ser muito pobre, 
mas Tu rezas até no silêncio dos nossos corações.

(Irmão Roger de Taizé)