...convido-vos
a redescobrir as obras de misericórdia corporal: dar de comer a quem
tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada
aos peregrinos, assistir aos enfermos, visitar os presos, enterrar os
mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: dar
bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram,
consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as
fraquezas do nosso próximo, rezar a Deus por vivos e defuntos. Como
vedes, a misericórdia não é bonomia, nem mero sentimentalismo.
Aqui está o critério de autenticidade do nosso ser discípulos de
Jesus, da nossa credibilidade como cristãos no mundo de hoje.
Dado
que vós, jovens, sois muito concretos, quereria propor-vos a escolha
de uma obra de misericórdia corporal e outra de misericórdia
espiritual para pôr em prática cada mês nos primeiros sete meses
de 2016. Deixai-vos inspirar pela oração de Santa Faustina,
apóstola humilde da Misericórdia Divina nos nossos tempos:
«Ajuda-me,
Senhor, para que (…)
os
meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite nem
julgue as pessoas pela aparência externa,
mas
perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los (…);
o
meu ouvido seja misericordioso, de modo que eu esteja atenta às
necessidades do próximo e não me permitais permanecer
indiferente diante de suas dores e lágrimas (…);
a
minha língua seja misericordiosa,
de modo que eu nunca fale mal do
próximo;
que
eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão (…);
as
minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras
(…);
os
meus pés sejam misericordiosos, levem sem descanso ajuda aos meus
irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço (…);
o
meu coração seja misericordioso,
para
que eu seja sensível a todos os sofrimentos do próximo»
(Diário,
163).
Assim,
a mensagem da Misericórdia Divina constitui um programa de vida
muito concreto e exigente, porque implica obras.
E uma das obras de
misericórdia mais evidentes, embora talvez das mais difíceis de
praticar, é perdoar a quem nos ofendeu, a quem nos fez mal, àqueles
que consideramos como inimigos. «Tantas vezes, como parece difícil
perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas
nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração.
Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança
são condições necessárias para se viver feliz» (Misericordiae
Vultus,
9).
Encontro
muitos jovens que se dizem cansados deste mundo tão dividido, no
qual se digladiam partidários de diferentes facções, existem
muitas guerras e há até quem use a própria religião como
justificação da violência.
Temos de suplicar ao Senhor que nos dê
a graça de ser misericordiosos com quem nos faz mal; como Jesus que,
na cruz, assim rezava por aqueles que O crucificaram: «Perdoa-lhes,
Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34). O único
caminho para vencer o mal é a misericórdia. A justiça é
necessária, e muito! Mas, sozinha, não basta. Justiça e
misericórdia devem caminhar juntas. Quanto desejaria que nos
uníssemos todos numa oração coral, saída do mais fundo dos nossos
corações, implorando que o Senhor tenha misericórdia de nós e do
mundo inteiro!
(da Mensagem do Papa Francisco para a XXXI Jornada Mundial da Juventude - 2016)
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