Dotado de uma grande sensibilidade humana, São Bento, no seu projecto de reforma da sociedade olhou sobretudo ao homem, seguindo três linhas orientadoras:
- O valor de cada homem como pessoa;
- A dignidade do trabalho, entendido como serviço de Deus e dos irmãos;
- A necessidade da contemplação, isto é, da oração: tenedo compreendido que Deus é Absoluto, e que no Absoluto vivemos, a alma de tudo deve ser a oração: «Ut in omnibus glorificetur Deus.»
Por isso, em síntese se pode dizer que a mensagem de São Bento é um convite à interioridade. O homem deve, antes de mais nada, entrar em si mesmo, deve conhecer-se profundamente, deve descobrir dentro de si a aspiração de Deus e as marcas do Absoluto.
O caractér teocêntrico e litúrgico da reforma social defendida por São Bento parece repetir as célebres exortações de Santo Agostinho: «Noli foras ire, teipsum redi; in interiore homine habitat veritas.» São Gregório, nos seus célebres diálogos em que narra a vida de São Bento, escreve que ele «habitou sozinho consigo próprio sob o olhar daquele que nos olha do alto; solas superni spectatoris oculis babitavit secum».
Ouçamos a voz de São Bento: da solidão interior, do silêncio contemplativo, da vitória sobre o ruído do mundo externo, deste «habitar consigo próprio», nasce o diálogo consigo e com Deus, que nos conduz aos píncaros da ascética e da mística.
(São João Paulo II)
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